quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A Aldeia (Barão Reports)

A Aldeia

Cascalho revolto denuncia a aproximação
e o muro branco
a esboroar-se - matéria luz
dos resíduos incólumes
apertando-me o peito -
cinge-me a clareza de imagens
reflectidas na textura rugosa
do teu abraço
maternal

em frente, avança-se rumo à
limpidez
e ao despertar
prometido

singelo, ausculto os nomes
guardadores de casas
como se acometido pelo ímpeto
da reinvenção do mundo
e de ti
singram jardins exóticos
sacudindo palmeiras e jacarandás
em camâra lenta
contida

Aqui, o tempo
não corre, desliza
quando chove
encostado à geometria
poética das amendoeiras e ao contorno
suave, dos moinhos
abandonados

Prometo à lua um torrão
de terra, daquela castanho-vermelha
daquela onde o restolho
descansa
à minha espera – terra
abençoada, terra
prenhe, sensual, na forma
e na cor
viciante

e o seu brilho -
que há de brilhar
e dar vida ao muro, às casas
aos nomes
onde as osgas brincam
em jardins, sozinhas -
alcança a plenitude.

© José Coelho, 2015


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