sexta-feira, 27 de setembro de 2013

na cama


Gosto de ter um bom livro na cama, para adormecer.
É importante o peso, o cheiro, a textura do papel e
sem esquecer, o tamanho das letras.
À noite pouso-o em cima do peito e de olhos abertos,
focados numa espécie de infinito,
tento relembrar a trama e se possível imaginar mesmo
o desenrolar futuro.
Para uma boa, curta e incisiva sesta,
opto por abri-lo e ler
mesmo algumas linhas ou parágrafos.
Depois, equilibro-o sobre a minha testa e nariz,
não demasiado, apenas quanto baste para poder
respirar e sentir o cheiro das folhas.


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

acima de tudo, a genuidade!


Convinhamos! Nem tudo o que aqui aparece, foi alguma vez escrito; nem tudo o que está escrito, alguma vez aparece.
Se, de facto, pudesse dizer, escrever, alguma coisa de jeito, não andava aqui a lavar pinceis...!
E todavia, porque não? A poesia não tem grades (esta não é minha). Feia, bela, vazia de sentido ou a transbordar que tresanda; simples, viril, directa, obsoleta, requintada, além de uma questão de gosto estético e moda literária, é uma questão de direito, conjugá-la como bem nos apraza.
Convinhamos... acima de tudo, a genuidade!


terça-feira, 24 de setembro de 2013

last goodbye


Inutilmente fatigado, olhou pela janela do seu quarto. No horizonte, por trás das últimas copas, já para lá da linha dos comboios, vislumbrou apenas os vestígios do seu último adeus.


nostalgia nocturna


Enquanto tentava adormecer, beijou o rosto ao seu lado, posou a mão no seio mais afastado de si e deixou-se dissolver na almofada.


segunda-feira, 23 de setembro de 2013


A pedra que tenho em cima da mesa,
como tantas outras, noutros lugares,
não é uma pedra qualquer!
As pedras são memórias da nossa memória.
Sólidas, resistentes, impregnantes,
devolvem-nos o olhar frio e absorto
com mornas lembranças incertas
de cenas intemporais.


sexta-feira, 20 de setembro de 2013


há livros em que
os parágrafos,
as linhas,
as palavras,
mais do que histórias,
nos contam
instantes,
imagens,
desejos,
em que o autor
nunca se deitou


quinta-feira, 19 de setembro de 2013


Gosto do silêncio nocturno,
apenas quebrado pelo barulho enigmático de máquinas
ou coisas ou seres,
que, nem eu próprio sei,
mas coabitam a mesma casa que eu.


quarta-feira, 18 de setembro de 2013


Mais uma noite!
Pouso o corpo na cama, descanso as mãos no peito
por instantes olho no tecto como se este não estivesse lá
e depois de alguns minutos nesta quase meditação
estendo o braço esquerdo, deixo-o cair, suspenso, ainda, na cama.