sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Ordinarily, One Lives / Vulgarmente, Vive-se

Vulgarmente, Vive-se

Sabemos que para além deste lugar, só o teu véu
e esse corpo de areias finas, miragem
perene ou não, lúcula corporal. Eis-nos pois
débeis criaturas sorvendo o orvalho, folha a folha
e algo como esperança fecunda

a imaginação – esse colectivo de neuro transmissores, apto
à criação de falsas mentiras - abandona-se ao despropósito
e nas ilusões mais doces nasce o fel
do desengano

Julgámos ter avistado, ontem
a serena beleza dessa praia, por entre cortinas
de ramos e folhagem, a tua
respiração

e assim alimentados fomos
sentindo por instantes o estímulo
da coragem e a vertigem foi
o bastante

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Ordinarily, One Lives

We know that beyond this place, only your veil
and that fine sand body, a mirage
perennial or not, a luminous body wrinkle. Here we are then
weak creatures sipping dew, leaf by leaf
and something as hope impregnates

imagination - that neurotransmitters' collective, fit for
the creation of false lies - abandons itself to nonsense
while within the sweetest of illusions the gall of disenchantment
is born

We thought we saw, yesterday
that beach serene beauty, among curtains
of branches and foliage - your
breath

and thus fed we became
feeling for moments the courage's
stimulus and the vertigo was
more than enough

© 2017, José Coelho