domingo, 19 de outubro de 2014

Nesse Tejo

Nesse Tejo

és Miriam
quando regressas ao interior
de ti
tágide, serena
indomável exilada
tu
contemplas a euforia dolente
patologia intratável dos
cacilheiros
morrendo nas praias quimeras
num maquinal parir
salobro

dia-a-dia
a ti
os olhares nados
dos homens e mulheres que
te atravessam
soçobram
melancolias roxas, indizíveis
lacunas de alma
alheias
ao espaço e ao
tempo
que.

Desnudado
o cabelo, em tons de oliva
espraias-te na espuma
dócil do pensamento
que renasce do
contorno de cada colina
e
ancorada
nesse deleite
sem pressa, sem
simplesmente evocando
o fluxo lunar
das águas
regresssas ao abismo
de ti.


© 2014, José Eduardo Coelho

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