segunda-feira, 19 de março de 2018

Paisagens Vespertinas

Paisagens Vespertinas

Inúmeras vezes, sem me dar conta da razão, voltei. Havia uma atracção vã pela matéria e pelo cheiro; uma viscosidade dócil que aderia à química do coração. E na pele vespertina, esboços de fugas para um amanhã.

Mais tarde apercebi-me também da importância do som. Para lá disso mesmo, era um embalar de motor que encaixava plenamente nos espaços livres. Completo o puzzle, produzia-se assim o efeito solução e tudo concorria para um pico de pura felicidade vernal.

Devo admitir que amiúde fantasio com estas recordações e que apesar de distantes e finas no tempo, a sua aura foi evoluindo para algo que hoje poderia classificar de patético e sublimado – entenda-se que é tudo na minha imaginação.

Há ainda pouco tempo, tive o prazer de ser assaltado por um conjunto de emoções que inexplicavelmente me levaram ao pranto. Regozijei-me com esse momento de ilusão; apesar de curto, foi real.

© 2018, José Eduardo Coelho


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