Paisagens
Vespertinas
Inúmeras
vezes, sem me dar conta da razão, voltei. Havia uma atracção vã
pela matéria e pelo cheiro; uma viscosidade dócil que aderia à
química do coração. E na pele vespertina, esboços de fugas para
um amanhã.
Mais
tarde apercebi-me também da importância do som. Para lá disso
mesmo, era um embalar de motor que encaixava plenamente nos espaços
livres. Completo o puzzle, produzia-se assim o efeito solução e
tudo concorria para um pico de pura felicidade vernal.
Devo
admitir que amiúde fantasio com estas recordações e que apesar de
distantes e finas no tempo, a sua aura foi evoluindo para algo que
hoje poderia classificar de patético e sublimado – entenda-se que
é tudo na minha imaginação.
Há
ainda pouco tempo, tive o prazer de ser assaltado por um conjunto de
emoções que inexplicavelmente me levaram ao pranto. Regozijei-me
com esse momento de ilusão; apesar de curto, foi real.
©
2018, José Eduardo Coelho
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