Perversões
do Meio-dia
A
minha empregada não
percebe
nada de poesia e
além
disso
desordena-me
os livros
todos
– vou
despedi-la,
já!
disse,
entrementes
Depois,
fez a cadeira
girar
uns 30º e
colocando
ciosamente os pés entre
duas
edições da História
Trágico-Marítima
virou
a página e deleitou-se
com
mais umas
nalgas,
empinadas
Semanalmente
à
sexta-feira
a
sua encomenda de revistas
eróticas
estrangeiras
chegava
dando-lhe
tréguas aos livros
e
à escrita
para
se dedicar a um momento de
-
segundo ele -
infusão
vaginal
E
enquanto eu vertia chá
ou
café – a gosto -
em
copos de plástico
não
alimentar
a
cidadãos despreocupados
ele
literalmente
babava-se.
©
2016, José Coelho
Sem comentários:
Enviar um comentário