quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Quase Livre


Quase Livre

Esta manhã surpreendi-me:
o livro de bolso que levo
a passear à rua
não estava. À minha espera, no lugar -
já seriam horas -
a imaginação levou-me
a percorrer corredores
rocambolescos
frios, de um sombreado
extenuante e encharcado numa doçura
carnal, fui tomado
pela repetição - esta e o entusiasmo são
contagiantes -
de certas expressões até
ao limite da compreensão
do sorriso
humano
da fisionomia
do sexo e da saudade
da memória que se atravessa
no corpo, quando
deambulamos assim
por ruelas, de copo em
punho
sem saber como lá fomos
parar ou o que
queremos, se é que o
queremos

Mas não agora – agora vou de bicicleta
sem livro, sem casaco, apenas
diria quase
a esta distância
livre.

© 2015, José Eduardo Coelho

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