quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Mariolas - Um Poema Prometido


Antes da viagem, anuí
na dispersão dos elementos -
calcite, cânfora, licra -
e reuni
as várias madrugadas;
os pontos cardeais já
estavam

As abelhas e outros polinizadores
fixaram
uma ténue nuvem – em forma
de caravela, alada – e as
mariolas
desenharam troncos, bustos
perdidos em equilíbrio entre giestas
a popocar
direcções

Das fendas da terra e da rocha
apenas um lobrigar
de estados de alma
a desorientar os sentidos – não
mais que musgo
seco
e lagartixas
mortas
de sede -
enquanto passamos

e depois, depois o silêncio - que esmaga
e ofusca
a luz
ainda, ainda, ainda -
penetrando a rugosidade das coisas
avançando
até ao pináculo.


© 2015, José Eduardo Coelho


Sem comentários:

Enviar um comentário