Num
Sábado Diferente
É
enternecedor entrar naquele reino
de
farinhas. O sr Zé, de avental por cima
dos
calções e sandálias romanas
envolvido
numa nuvem, misto de
grelhada
e fermento, mãos brancas e
cara
sorridente
destaca-se
pela azáfama. Ao seu lado
a
sobrinha, Inês, ri desalmadamente
em
tons tintos de gaivota, perscutáveis
desde
o início da rua. Ao fundo da sala
o
improviso - num dos fornos
um
fogareiro fabrica o fumo e as
deliciosas
tiras de carne. Num tabuleiro
há
pães e várias garrafas de vinho
sempre
alentejano. Sentada e
arrumada,
a mãe do Nito vai comendo a
broa
– receita especial da tia Ermelinda -
e
olha apaziguadamente
pr'a
mim.
Pelas
nove da manhã, na padaria
vive-se
um festim de almoço. Entro
para
fazer contas, apenas
mas
sou assediado, até mesmo
pela
Paula – que não me grama
a
brincar.
Será
este um dos últmos sítios onde, normalmente
me
perguntam – quanto vem pagar?
E
para mais me oferecem
o
riso e o pão, a carne e o vinho
num
sábado
diferente.
©
2017, José Coelho
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