A Propósito de Liberdade
Ávidos
somos e os bichos?
numa
labuta de hábitos e prazeres
singelos
dias-
boomerang
de
sol vem em sol vai
a
cada vez, é uma pena
a
menos e é desconcertante ficar
sem
asas e seguir
pensando
que se pode
voar,
apesar de que
até o tempo resolve
esse
vulgar
conflito
À
Ana, meteram-na num envelope
amarelo
– desde pequenina – para evitar
desilusões
e histórias endócrinas, dessas capazes
de
tudo. Enfim, nasceu com os botõezinhos
todos
no sítio – dir-se-ia perfeita – mas logo
lhe
viram males onde, por defeito, só
existiam
bens e então vá de
admoestar
a sua natureza bravia
povoando-a
de cores
suaves
e dóceis. Apesar da incisiva
insistência,
e das lavagens em massa
tipo
brioche, a sua ingénita crista
teimava
em crescer, numa de incitação
aos
céus – diziam. Daí que
não
restaram outras saídas:
começaram
por cortar-lhe as zonas mais
salientes
– dos seios, os mamilos e das nádegas
apenas umas dobras –
poupando-lhe
os
membros na condição de aceitar
usar roupa
e calçado anti-crescimento. Assim
depois
desta fase preparatória, ela
sem
resistência, entrou, de livre e expontânea
vontade
para
o referido envelope –
que
era amarelo.
©
2017, José Coelho
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