sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Da Solidão das Coisas

Da Solidão das Coisas










Talvez a solidão das coisas
como pessoas aninhadas, em cantos
de jornais ou de livros - música selando as permeabilidades
indizíveis - de olhares azuis, incisivos
em vãos de escada
numa qualquer estação de metro
mole, cheia
adocicada
me atice
o desejo, o desespero, a crueldade de
cuspindo
despi-las, olhá-las
com o desdém de quem nelas vê
reflectido
a sua, mais que própria, única
solidão
dos dias.


© 2016, José Coelho



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