há
três minutos
No
céu, o manto do esquecimento
a
chuva, frágil, dócil, copiando-se
em
gotas, gotículas
temporariamente
perdidas no êxtase
da
queda
copiosa
e
a luz, surda
revendo-se
no voo baptismal dos pássaros
ausentes
O
olhar
demora-se,
pensativo
subtrai-se
à inexactidão das coisas -
concretamente
as coisas mordem-se, sujam-se
dejectam-se,
destruindo-se sem
deixar
espaço
para
mais que outras
coisas
-
cresce
asas, por sobre o manto
de
esquecimento
e
flui
Enquanto
te distrais
o
meu corpo
-
um rio, algures -
cresce
e
o som resvala na lembrança
que
trago -
há
três minutos
os
pássaros
eram
gotas, deslizando na superfície
do
olhar -
e
o céu abre-se
troando
ais
em
êxtase
segredo-te
a matéria de que a luz
é
feita
e
das coisas
nem
o nome ou a memória
do
espaço
©
2015, José Coelho
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