A Natureza Estranha do Espaço
antes.
Manifesta-se desde que o dedo
pueril beija a superfície lisa do papel
e neste desenha, um traço – sequência
irreversível – melódico, arguto, fugitivo esbatendo-se desde o
interior da mão que o guia, até
à exaustão
da apara, invisível.
agora.
Subtil, como o romper
do bago
a boca molda-se
a mão, quente, encaixa-se
e o corpo
urde um grito longo como o espaço
oco–vivo–sedento
vibrando até ao mais ínfimo dos
capilares
tudo sucedendo, algures
depois.
Respiraremos de alívio
enchendo pulmões de ar – resquícios da
matéria universal -
e à beira de um abismo daremos
passos firmes
de uma beleza sintética
reunindo na gota as notas
da criação inicial
seremos essência, hábil
nas mãos das nossas
utopias
e como a seiva faremos
renascer, ano após ano
a crescente primavera nas
bocas e nos peitos
adormecidos.
©
2015, José Eduardo Coelho
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