Alquimia
Sanguínia
Comecei
a gostar dela ainda
antes
de a conhecer
na
razão directa da nossa
proximidade
De
manhã, logo após acordar
o
sangue corria, lesto
numa
busca de corações – eu visualizava tudo -
e
era a ela que eu queria
dizer
partículas
cintilantes
num
céu morno
interior,
sem nome
Habituei-me
à espera absorvendo
todo
o oxigénio possível, enquanto
virado
a sul imaginava plaquetas fechando
os
poros de um corpo
branco
por
onde
de
outra forma tu
sucumbirias
Medida
a delonga do sol
nos
teus minutos ausentes
inventei
as caravelas como forma de
navegar-te
Agora
Começo
a confundir a memória
nas
imagens que criei de ti
subo
o teu rio, se me apetece, porque ele
existe
se eu quiser
e
surge no tempo a pergunta
se
hei-de tocar-lhe
com
ou sem lábios, talvez
mãos
me peçam um traço
uma
face ou a linha dos cabelos
cinga
o horizonte mais
delicado
Apesar
de que
-
nada
de
manhã
abertas
as persianas
és
um filamento ligando
corpúsculos
incertos
e
eu, RH+
donde
ninguém sai quando se pisa
nem
água nem fio
ávido,
fico-me.
©
2017, José Coelho