quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Aparas de Lápis

Aparas de Lápis
A escrita como forma de purificação espiritual, fascina-me enquanto cheiro
das aparas de lápis, das sobras de borracha, da tinta de canetas permanentes; o próprio papel, na sua micro estrutura têxtil, reúne um leque de variados odores – bafio, palha, cola, pigmentos, sândalo e entre muitos mais, tudo o que da água a fibra guarda
Algumas palavras requerem um traço mais cuidado - o ângulo, a grossura, a nitidez ou a sobriedade dos arrebiques – outras pedem para ser usadas até à exaustão do seu significado, numa ameaça grave que nunca se concretiza. Depois há aquelas que nos distraem - egoístas, ciumentas – e nos desviam do único sujeito passível
e porém, a dependência a que me obriga, transporta-me para um universo, aonde sozinho, me enlevo e vicio.
© 2016, José Coelho

Sem comentários:

Enviar um comentário