Entre
a Estética e o Esquecimento
Quero
esquecer
TUDO.
Ordeno
as coisas coleccionadas
nem
sei para quê? Se afinal
amanhã
tudo será matéria
prima
para outros
fins
Quero
olhar os ângulos
da
casa e vê-los
nus
sem
ornamentos desnecessários
a
um progresso
da
estética
bi-
-labial
com certeza
húmidos
ou secos, quero
beijá-los
onomatopeicamente enquanto me
deleito
na foz deste rio
onde
o doce morre e a vida
acontece
Ordeno
os porquês
de
TUDO
arquivados
desordenadamente
em
estantes, caixas, armários, gavetas
e
interrogo-lhes os pontos
com
o desprezo da
familiaridade
e
movimentos contidos mas
constantes
agilizam
o fluir
de
montante a jusante
câmara
ante câmara
os
seixos rolam
e
a memória indelével das coisas
é
agora uma amalgama -
imenso
areal
do
leito oceânico.
©
José Coelho, 2015
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