quinta-feira, 11 de junho de 2015

Entre a Estética e o Esquecimento


Entre a Estética e o Esquecimento

Quero esquecer
TUDO.

Ordeno as coisas coleccionadas
nem sei para quê? Se afinal
amanhã tudo será matéria
prima para outros
fins

Quero olhar os ângulos
da casa e vê-los
nus
sem ornamentos desnecessários
a um progresso
da estética
bi-

-labial com certeza
húmidos ou secos, quero
beijá-los onomatopeicamente enquanto me
deleito na foz deste rio
onde o doce morre e a vida
acontece

Ordeno os porquês
de TUDO
arquivados desordenadamente
em estantes, caixas, armários, gavetas
e interrogo-lhes os pontos
com o desprezo da
familiaridade

e movimentos contidos mas
constantes
agilizam o fluir
de montante a jusante
câmara ante câmara

os seixos rolam
e a memória indelével das coisas
é agora uma amalgama -
imenso areal
do leito oceânico.

© José Coelho, 2015 

 

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