terça-feira, 12 de maio de 2015

Cunhal das Bolas

Cunhal das Bolas

Um par de paredes cunhadas
de bolas
esféricas
a lamberem o ar
morno, das mornas que passam
morenas
e dos fados que
zoam
pelos cantos

Ao lado o sol, afaga
as pedras
de lado
e destapa as
pernas, nus ombros, os seios
moldam-se
à roupa
aquém, transparente

do uso, da cidade, do
bairro eclodem
as vozes, os passos, as janelas
abrem-se e olhos
espreitam

Nas linhas há vestígios
íntimos
lavados, pingam
a secar ao sol
e nos passeios marcas
indeléveis
afloram
à consciência de alegrias
ligeiras

à esquina da Rua da Rosa
Cunhal das Bolas
um beco
sombrio.


© José Coelho, 2015

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