sexta-feira, 10 de abril de 2015

O Desejo


Um quarto para a meia-noite
(...e aqueço ) >> retirar!

I
Sinto o seu cheiro a chegar
levanto a pálpebra de mim mesmo e
deixo-me rumar em direcção a uma zona desconhecida
enquanto lhe observo
a sua dedicação
o seu movimento

rumo ao horizonte prateado
sigo em frente
mãos atrás das costas
tipo areia
mas ainda não.

As virgens abatem-se
à esquerda e à direita
rutilantes sobre pedacinhos de histeria cor de leite
mas creme

ao longe, muito longe
o mar
sem nada a perder
repete-se, desesperadamente
até uma exaustão
inconcebível
Sinto, o seu
cheiro a chegar - tipo água
às minhas
cálidas
faces

e as virgens soltam-se e sobem espalhando luz e areia
tipo nuvens de tão
densas, brancas
e altas

II
leve
cambaleante
voraz
destrói-me um grito de felicidade que não sei
romper

III
Nada, não era nada
digo para mim mesmo e repito
sem me dar conta
do significado
do nada

(eram só umas virgens
que passavam e me desnortearam
com as suas pontas mornas)

© José Coelho, 2015
Original 1st draft 15-Junho-2007

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