Um quarto para a
meia-noite
(...e aqueço ) >>
retirar!
I
Sinto o seu cheiro a
chegar
levanto a pálpebra
de mim mesmo e
deixo-me rumar em
direcção a uma zona desconhecida
enquanto lhe observo
a sua dedicação
o seu movimento
rumo ao horizonte
prateado
sigo em frente
mãos atrás das
costas
tipo areia
mas ainda não.
As virgens abatem-se
à esquerda e à
direita
rutilantes sobre
pedacinhos de histeria cor de leite
mas creme
ao longe, muito
longe
o mar
sem nada a perder
repete-se,
desesperadamente
até uma exaustão
inconcebível
Sinto, o seu
cheiro a chegar -
tipo água
às minhas
cálidas
faces
e as virgens
soltam-se e sobem espalhando luz e areia
tipo nuvens de tão
densas, brancas
e altas
II
leve
cambaleante
voraz
destrói-me um grito
de felicidade que não sei
romper
III
Nada, não era nada
digo para mim mesmo
e repito
sem me dar conta
do significado
do nada
(eram só umas
virgens
que passavam e me
desnortearam
com as suas pontas
mornas)
© José Coelho,
2015
Original 1st draft
15-Junho-2007
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