Acabemos
Com A Nostalgia
As
grades em ferro, que lá continuam
e
tantas vezes saltámos; os frondosos plátanos
que
me acariciavam as manhãs e aos quais
tão
amiúde subimos, escondendo-nos
nas
suas ramagens, qual pardais
continuam
lá; o chão duro
de
alcatrão, gravilha e cimento, onde
não
raramente senti o baque da queda nos
braços
e pernas, continua lá
A
rua virada a nascente
capaz
de reter entardeceres húmidos
com
o seu pinheiro nórdico no final, mesmo
junto
ao jardim-de-infância
continua
lá - e é uma aberração
esta
permanência, quando nada, mesmo
nada
continua lá. Mudem tudo
Merda!
De uma vez. Escuso de andar
de
lado, quando passo na minha rua
a
evitar o olhar das velhas – que essas sim
por
lá andam ainda, mais velhas que a loiça
e
que os esgotos, a vender saúde
derivado
aos conselhos da minha mãe -
já
ida – escuso de roçar a casa que sempre será
minha
e sentir uma força a puxar-
me
para o interior de mim mesmo, sem
grades
ou ferro que me detenham; por isso fujo
e
volto na esperança de que seja lesta
a
renovação – ou será que
imagino
tudo?
Isso.
©
2017, José Coelho
Sem comentários:
Enviar um comentário