quinta-feira, 22 de junho de 2017

Finas Amarguras

Finas Amarguras

à noite o doce
verte-se pelas bordas

todas
e penso nessa última em
que te toquei

avistámos tantas ilhas
sem nunca nalguma atracarmos

derramando um cheiro quente, picante
que, peganhento, fica

atravessámos jardins desertos
sem nunca ousar habitá-los

trocando a ultima respiração num beijo
de morte, subtil.

© 2017, José Coelho



terça-feira, 13 de junho de 2017

Evasão

Toda a viagem é também pura
invasão no desconhecido

aperta-se a pele entre
as unhas

entre a aresta e a planície
o calor
e a exótica maciez do ferro
pesado, subtil

trinca-se, apenas um pouco
para aferir da textura

subsiste a lamúria
do destino. No entanto, exalta-se o momento

sem antecipações
percorrem-se estrias como se linhas
onde versos há muito depositados
renascessem a cada
carícia. Agora

o céu é cerco azul
onde olhos desistem
os tecidos moles cedem, não por fraqueza
mas complacência

e um invulgar furor de música.


© 2017, José Coelho

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Incident

Incident

no blood
in my heart only silence
I guess that's what remains from
a life's leakage

© 2017, José Coelho



Hóspedes de Ilusões

Será uma questão de dedos medidos
nos anéis que a seiva sela
para saber da origem
ensaiamo-nos donos, quando apenas
hóspedes de ilusões
e do tempo que chamamos
nosso, como se no fim viessemos a ser
um
só.


© 2017, José Coelho

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Under The Heart Of Trees

Under The Heart Of Trees

Chemically speaking
I don't fall for carbon copy
smiles nor beautiful stories about
successful lives
above the tropic of cancer, truth
is a figure of speech
a desolation of emaciated bodies parading
the mucus of lies as if
pearls and oysters

Happiness roots it self under the heart
of trees. Trees we fail to understand, believe
are being replaced by clean, sterile
likenesses as smiles and people are, will
soon all be drowning in the depths of Hades

Before I see my reflection
on those waters I will walk and search for
a meaning one can press between his fingers
touch the core of its imperfect, crude image
so it can become the apple, the peach – literally
speaking – that I shall eat.


© 2017, José Coelho