Da Salubridade de Nós
Persisto numa dúvida miudinha
se na nossa direcção vemos um feixe
de luz ou a folha
de uma espada
Tinhamos-nos embriagado em cinzas
o pó secáva-nos a língua
nos céus as marcas de colisões
e o esquisso de sextinas destapando a aurora, avançando
entre solilóquios da calçada
nós
junto ao Tejo
persistindo como chuva
habitando búzios onde tudo
se torna íntimo e outonal
vendo os plátanos despidos, a dormir
à luz amanteigada das preces e dos beirais
nós, cheios de inveja da sua
simplicidade e requinte
provavelmente sentados num banco
de jardim
a lodo forjamos as imagens
da folha e da espada - a luz, por enquanto
é somente uma ilusão de promessa
imaginada.
© 2016, José Coelho
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