segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Poesias Mudas

Poesias Mudas


a concentração de tudo aumenta na razão inversa da altitude e do desprendimento
(conseguido)
obtêm-se empíricas fórmulas do mundo - uma questão de panos e hábitos, com que se cosem
os nomes e os sonhos vivem

há um patamar acima do qual o silêncio, nos assusta
prosseguindo numa espécie de onda mater pela qual todos
teremos de passar

uma definição vazia, onde a minha mão entra e se dilata até à
plenitude do espaço

sinos, sinos, sinos
húmidos e voláteis, retinem-me no córtex

poderia de uma só vez, habitar essa vontade
injectando poesias mudas

ao comprido, cingo-te
esboço a tua cintura, o teu pescoço
é uma dose de saliva que engulo

o mar hoje cala-se
também

© 2017, José Coelho