Dúvida,
Hoje
Solidamente
começo
a duvidar da eficiência
das
coisas
que
me rodeiam, como
pastas
e mais pastas, supostamente crédulas
na
ciência da textura
do
papel e da memória, laconicamente
ranhosa,
frugal, levítica
dos
seus mentores
ultrapassados
Banalizo
toda a informação
sabendo
que pesa
na
razão inversa da minha
compreensão
Hoje
solidamente
mais
um comprimido
desliza
garganta
abaixo, neste dia
azul
de tanto
ar
impensável
essa
quantidade de céu
comprimida
contra
o invisível lado
de
um universo
só
mas
real – a moinha vai-se
apagando
-
e
sempre
a
brancura
dos
muros altos tecendo
curvas
nas
dúvidas
que
se alinham
à
passagem por dentro
Vertendo
horizonte
na diagonal d'orizonte
solidamente
hoje
começo
a duvidar
©
2016, José Coelho