sexta-feira, 30 de maio de 2014

Afinal A Noite

Afinal, a noite não encerra grandes mistérios
nem vozes oblíquas destapando a dor
entre dedos vorazes
                                em pranto, não
Afinal, tudo isso é um lastro
no fundo de nós, resquícios
do mar salgado a penetrar orifícios
suculentos, de ternuras
imaginadas em mãos desaparecidas
                                 em pranto
Afinal a noite, não desfaz a exactidão do dia
nem na razão inversa da grandeza da sua
escuridão
nem esquecendo  o ímpeto acumulado
em cada rotação ad infinito
nas sílabas do negro espaço

Afinal, a noite
é só uma ausência.


© 2014, José Eduardo Coelho

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